Prólogo:
26 de Janeiro de 1993
- Michael! Cheguei! – Gritei, atirando a bolsa em cima de um sofá no hall de Neverland. Esperava que ele fosse ficar feliz com a minha chegada antecipada, tinha ido viajar para Miami, visitar minha mãe que precisava de apoio já que acabara de se divorciar do papai, porém não recebi resposta, o que me desapontou bastante. – Michael?
Imaginei que ele estivesse em seu escritório, no meio de muitas TVs ligadas em diversos canais de desenhos diferentes, então vou até a cozinha e me deparo com os cozinheiros, todos olhavam para mim, muito assustados.
-Nossa, que foi? Viram fantasma? – Dei uma risada um pouco sem jeito. Eles se entreolhavam e olhavam para mim, assustados, o que me incomodou um pouco. – Pode me trazer dois copos, uma dose de uísque em cada, por favor?
-Claro. – Um deles disse, sem me olhar nos olhos. Rapidamente me deu o que eu pedia.
-Obrigada. – O que estava acontecendo ali? Seja lá o que for me apressei para sair daquela cozinha. Caminhei até o escritório. –Michael? – Nada. Aquilo estava cada vez mais estranho, então resolvi ir até o quarto para preparar uma surpresinha para quando ele chegasse.
Quando abri a imensa porta de carvalho, os copos quase caíram com o que vi.
Michael estava deitado em sua cama california queen, com uma mulher nua sentada em cima dele!
Os dois olharam, me encararam assustados, Michael arregalou os olhos, e quando olhei bem pra moça, ela era a Lisa Marie Presley!
Abri a boca para falar alguma coisa, Lisa saiu de cima de Michael. Como nada me saía, simplesmente sai do quarto com os copos na mão.
-Rose!- Michael gritou atrás de mim. Ignorei. –Rose! Espera!- Então senti sua mão grande e seus dedos compridos agarrando meu braço e me virando para ele. –Eu posso explicar!
- Larga o meu braço! – Ordenei, olhando o cafajeste nos olhos.
-Me ouve pelo menos! – Ele pediu.
-Não tem o que explicar, seu babaca! Explicar o que? Que você comeu a filha do rei do Rock? Que você não queria me trair? Porque a cara que você tava naquele quarto diz o contrário! – Puxei o meu braço, fazendo-o largar.
- Bom, nesse caso, não se faça de santa! Sei muito bem o que você foi ver lá em Miami, aquele seu amigo cubano, não é? – Michael levantou o tom de voz.
Joguei o uísque na cara dele. – Não se atreva! Eu não transei com ele! Eu não transei com ele na nossa cama, seu imbecil! Porra! O Nick é só meu amigo a gente se conhece desde criancinhas! Desde o fundamental quando todo mundo zoava dele porque ele vinha de el barrio. Agora você não entende isso, não entende o sentimento que é gerado entre dois amigos que cresceram juntos porque isso nunca aconteceu com você!
-Claro que aconteceu! Tenho muitos amigos de infância! – Michael me fuzilou com o olhar.
-Não, Michael! Não aconteceu porque todos os seus amigos de infância cresceram, arranjaram empregos, carreiras, criaram suas famílias e você... Há, você não! Você cria um mundo de fantasias ao seu redor se cerca de crianças e é egoísta demais para, poxa vida, sequer considerar o sentimento alheio!
-Egoísta? Egoísta? E todas as crianças que ....- Cortei ele no meio da frase.
-PRO INFERNO COM TODAS AS CRIANÇAS! – Gritei. – Isso não é sobre sua caridade! Isso é sobre você! Você e eu! Você foi egoísta demais, na primeira dificuldade que tivemos na nossa relação, você resolver fazer que nem criança: Tapar os ouvidos e dizer “lalala”...
-Eu não fiz isso! – Michael resmungou.
-Figuradamente, seu idiota! – Gritei mais uma vez, embora mais baixo que o primeiro berro. – Você ignorou tudo! Porque você, não tá a fim de trabalhar para que dê certo! Não, você quer que eu faça tudo o que você quer, ceda à todas as suas porras de vontades! Seu mimado do caralho! E agora você me traz aquela mulher pra cama e fode ela na nossa cama! Vai tomar no cu, seu filho de uma puta mal comida!
Virei as costas pra ele, caminhei até o sofá em que tinha largado a minha bolsa, virei para ele e disse – Agora vai lá! Volta lá e fode ela de novo! Casa com ela! Porque no que depender de mim, você nunca mais vai ver nem a minha sombra!